Veja o que 2023 reserva para as indústria têxteis no Brasil e comece a preparar sua estratégia competitiva
Após o período de incertezas gerado pela pandemia, a expectativa do setor é que o ano de 2023 seja marcado pela recuperação total das indústrias têxteis no Brasil.
De acordo com a IEMI – Inteligência de Mercado, é esperada a comercialização de 6,55 bilhões de peças. Para se ter ideia do nível de recuperação esse número é 3,8% a mais do que em 2019, quando o setor esteve em seu auge, com 5,94 bilhões de unidades produzidas.
Mas o cenário é diferente e as indústrias têxteis no Brasil que não entenderem as tendências vão, sim, ficar para trás. Mesmo com o panorama positivo, a competitividade é grande e as necessidades são outras. E inovação é a palavra-chave para encarar os novos desafios e entrar no ranking das líderes na área.
Por outro lado, 2023 é o primeiro ano do novo governo do presidente Luis Ignácio Lula da Silva, em seu terceiro mandato à frente da Presidência da República.
No final do ano passado a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABit), em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), enviou aos então candidatos um documento destacando as maiores preocupações do setor: responsabilidade fiscal, controle da dívida pública e redução de impostos
O ano de 2023 ainda está no início e ainda há muito o que fazer para reverter o quadro dos últimos anos. Mas para o Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem no Estado de Minas Gerais (Sift-MG) a expectativa é que as indústrias têxteis brasileiras em 2023 cresçam até 5% em comparação ao ano passado.
Para a entidade, o controle da taxa de juros e da inflação será determinante, mas há também um ambiente propício para o comércio com o retorno da socialização após quase dois anos de pandemia e a busca dos consumidores por um vestuário renovado.
Segundo a Abit, o Brasil possui a maior cadeia têxtil completa do Ocidente. O setor reúne 24 mil empresas, 1,2 milhão de empregos diretos e teve um faturamento de R$193,6 bilhões em 2022.
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em 2022 o setor gerou mais de 7,6 mil postos de trabalho, ainda que fortemente pressionada pela majoração no preço dos insumos.
Porém a opinião dos especialistas é que as indústrias têxteis no Brasil não podem se acomodar com as perspectivas promissoras para 2023. Há desafios relevantes pela frente.
É preciso entender as novas movimentações do mercado e ter maturidade para driblar os gargalos, como a redução no desperdício de matéria prima, melhorias na produtividade e adoção de ações sustentáveis.
De acordo com os dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CEE) dos 15 ramos de atividade monitorados, 13 registraram aumento no consumo no comparativo anual. E a indústria têxtil foi a que apresentou a maior redução do consumo no ano passado.
O setor encerrou 2022 com uma carga de 671 MW médios, volume 3,8% menor do que em 2021. Mas longe de indicar medidas sustentáveis, para a entidade a redução é apenas um indicador de que o setor teve que pisar no freio por conta também dos juros altos e da inflação acumulada.
Mesmo assim, de acordo com a Abit, as exportações das indústrias têxteis no Brasil cresceram 7,53% em 2022, passando de US$1,06 bilhão para US$1,14 bilhão (R$8,09 bi) em relação a 2021.
A Argentina foi a principal compradora, com US$281,20 milhões (R$1,42 bi). Já as importações aumentaram 15,07%, indo de US$5,16 bilhões (R$26,09 bi) para US$5,94 bilhões (R$30,04 bi).
Porém o déficit da balança comercial fechou o ano em US$4,79 bilhões (R$24,22 bi), montante 17,03% maior do que em 2021 (US$4,09 bilhões, ou R$20,68 bi). E o maior agente influenciador desse cenário foi a China, representando a origem de 58,4% das importações brasileiras.
Assim, um dos grandes desafios das indústrias têxteis no Brasil em 2023 é justamente contrapor o avanço das varejistas asiáticas no mercado global com investimentos em inovação e sustentabilidade para se manterem competitivas.
Tudo isso em meio a um cenário internacional ainda instável, principalmente por conta de mais de um ano de guerra entre Rússia e Ucrânia sem sinais de esmorecimento.
Na outra ponta, o comportamento do consumidor mudou drasticamente desde a pandemia. Está mais exigente em qualidade, ações sustentáveis, transparência nos processos produtivos, conforto e melhoria da experiência de compra. E tecnologia, é claro, hoje um quesito indispensável para conquistar clientes.
Portanto, para conseguir reverter as perdas e driblar o cenário volátil do mercado global, as indústrias têxteis brasileiras precisam entender essa nova mentalidade, que pressupõe um planejamento com soluções a médio e longo prazos atrelados à inovação e à sustentabilidade.
Mas o megamercado interno merece atenção redobrada. Os brasileiros não consomem apenas roupas em geral, mas cama, mesa e banho, calçados, artigos de limpeza e higiene, colchões e tecidos técnicos - incluindo os não-tecidos.
É uma demanda imensa que tem condições de ser suprida e expandida, mas a produção das indústrias têxteis no Brasil e a forma de se relacionar com os clientes B2B (business to business) e B2C (business to consumer) precisam estar alinhadas às novas tendências.
A questão é que inegavelmente a pandemia mudou os hábitos de consumo e isso impacta diretamente a produção das indústrias têxteis no Brasil. O consumidor final ou primário quer mais sustentabilidade e transparência nos processos, agilidade nas entregas e qualidade nas matérias-primas que não agridam o meio-ambiente.
Por isso, a tendência para 2023 é modernidade com responsabilidade social. O mercado se fecha cada vez mais contra o desperdício de tempo e de materiais, contra os erros humanos que causam retrabalho e a lentidão dos processos manuais.
A automação dos processos e o reconhecimento da importância da indústria 4.0 são fundamentais para o crescimento das indústrias têxteis no Brasil.
Conheça algumas das principais tendências para o setor.
Novos modelos de produção e de negócios são gerados pela integração de ferramentas como a internet das coisas, inteligência artificial, realidade aumentada e cloud computing.
A automatização reduz custos, gera qualidade no atendimento e otimiza a produção, gerando importantes diferenciais competitivos.
Assim, a Indústria 4.0 impacta significativamente a produtividade, otimizando a eficiência do uso de recursos e o desenvolvimento de produtos em larga escala. Além disso, integra as indústrias têxteis no Brasil às cadeias globais de valor.
Já popular em outros setores, ela chega com força na indústria da moda colaborando para a criação de protótipos e a elaboração de peças cada vez mais personalizadas de vestuário impressas em 3D.
A presença nas principais feiras e eventos mais do que nunca é uma estratégia de crescimento, garantindo o alinhamento com as novidades do mercado e ao mesmo tempo se colocando no radar dos principais players do setor.
É preciso criar ações sustentáveis que minimizem o impacto não só do consumo da água, mas melhorem o tratamento, reduzam emissão de gases e o despejo de químicas, evite o desperdício de matérias primas e tornem toda a cadeia produtiva mais saudável para o meio ambiente e os trabalhadores, além de ações de responsabilidade social.
Upcycling, economia circular e aproveitamento da mão de obra local são algumas das tendências sustentáveis que se manterão fortes em 2023.
É preciso criar estratégias que influenciam na decisão de compra, criando um relacionamento com os clientes desde a base da produção, gerando valor além do preço.
Por outro lado, o consumidor está cada vez mais digital. Por isso é importante aumentar a presença online das indústrias têxteis no Brasil oferecendo soluções e múltiplos canais de contato. É importante que os clientes encontrem o que precisam e compartilhem suas experiências com a indústria.
São tecidos alternativos, funcionais e biodegradáveis, ancorados em novas fibras e incorporando essas novas tecnologias. Couro de abacaxi, fibra de bambu, fibra de laranja, lenpur e Qmilk são alguns exemplos.
Um bom exemplo é o vestuário, com roupas que possam monitorar o ritmo corporal ou criar barreiras bacteriológicas. São os chamados protech (proteção para o corpo) e clothtech (componentes funcionais para calçados e vestuário).
Mas a participação também pode se estender ao geotech (geotêxteis e engenharia civil), hometech (produtos para casa) e buildtech (construção e arquitetura), entre outros.
De acordo com a empresa, a expectativa é que, sobrecarregado pela cultura da superação, o consumidor passe por um otimismo realista até 2024. É o que a WGSN chama de “Economia do cuidado”, aumentando a necessidade de investimento em produtos têxteis responsáveis, tecnológicos e capazes de despertar emoções.
E vale nota: de acordo com a WGSN, o mercado global de “bem-estar” está avaliado em mais de US$1,5 trilhão (R$7,58 tri) e com expectativa de crescimento anual de 5% a 10%.
É o chamado ESG, uma sigla que toma conta cada vez mais das estratégias de vendas B2B e B2C: environmental, social and governance (práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização).
O ESG significa a redução de desperdícios em todos os processos, valorização da mão de obra, cuidados com a origem e o desperdício da matéria-prima e outras ações sustentáveis que se alinham aos desejos de um consumidor mais consciente e, por isso mesmo, mais exigente.
E a melhor forma de conseguir isso é alinhando estratégias com as novas tendências do mercado, mantendo o foco na inovação. É preciso pensar no que o futuro reserva, criar novos modelos de produção e negócios que evitem desperdícios, garantam a sustentabilidade e aumentem a competitividade da empresa.
E não esqueça que as estratégias de marketing industrial são fundamentais para levar sua empresa até seu público ideal e gerar diferenciais competitivos.
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