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Indústrias têxteis no Brasil: perspectivas para 2023

Escrito por Anderson Luis Lorenzini | May 11, 2023 11:00:00 AM

Veja o que 2023 reserva para as indústria têxteis no Brasil e comece a preparar sua estratégia competitiva

Após o período de incertezas gerado pela pandemia, a expectativa do setor é que o ano de 2023 seja marcado pela recuperação total das indústrias têxteis no Brasil

De acordo com a IEMI – Inteligência de Mercado, é esperada a comercialização de 6,55 bilhões de peças. Para se ter ideia do nível de recuperação esse número é 3,8% a mais do que em 2019, quando o setor esteve em seu auge, com 5,94 bilhões de unidades produzidas.

Mas o cenário é diferente e as indústrias têxteis no Brasil que não entenderem as tendências vão, sim, ficar para trás. Mesmo com o panorama positivo, a competitividade é grande e as necessidades são outras. E inovação é a palavra-chave para encarar os novos desafios e entrar no ranking das líderes na área.

Por outro lado, 2023 é o primeiro ano do novo governo do presidente Luis Ignácio Lula da Silva, em seu terceiro mandato à frente da Presidência da República. 

No final do ano passado a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABit), em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), enviou aos então candidatos um documento destacando as maiores preocupações do setor: responsabilidade fiscal, controle da dívida pública e redução de impostos

O ano de 2023 ainda está no início e ainda há muito o que fazer para reverter o quadro dos últimos anos. Mas para o Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem no Estado de Minas Gerais (Sift-MG) a expectativa é que as indústrias têxteis brasileiras em 2023 cresçam até 5% em comparação ao ano passado.

Para a entidade, o controle da taxa de juros e da inflação será determinante, mas há também um ambiente propício para o comércio com o retorno da socialização após quase dois anos de pandemia e a busca dos consumidores por um vestuário renovado. 

 

Setor gerou mais de 7,6 mil postos de trabalho em 2022

Segundo a Abit, o Brasil possui a maior cadeia têxtil completa do Ocidente. O setor reúne 24 mil empresas, 1,2 milhão de empregos diretos e teve um faturamento de R$193,6 bilhões em 2022.

De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em 2022 o setor gerou mais de 7,6 mil postos de trabalho, ainda que fortemente pressionada pela majoração no preço dos insumos.

Porém a opinião dos especialistas é que as indústrias têxteis no Brasil não podem se acomodar com as perspectivas promissoras para 2023. Há desafios relevantes pela frente.

É preciso entender as novas movimentações do mercado e ter maturidade para driblar os gargalos, como a redução no desperdício de matéria prima, melhorias na produtividade e adoção de ações sustentáveis.

 

Principais desafios das indústrias têxteis no Brasil para 2023

Marcado por um cenário internacional impactado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, o alto preço do transporte e a falta de matéria-prima, o ano de 2022 foi desafiador. E o menor consumo de energia das indústrias têxteis brasileiras é um indicativo das dificuldades. 

De acordo com os dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CEE) dos 15 ramos de atividade monitorados, 13 registraram aumento no consumo no comparativo anual. E a indústria têxtil foi a que apresentou a maior redução do consumo no ano passado. 

O setor encerrou 2022 com uma carga de 671 MW médios, volume 3,8% menor do que em 2021. Mas longe de indicar medidas sustentáveis, para a entidade a redução é apenas um indicador de que o setor teve que pisar no freio por conta também dos juros altos e da inflação acumulada.

 

Exportações aumentaram em 2022

Mesmo assim, de acordo com a Abit, as exportações das indústrias têxteis no Brasil cresceram 7,53% em 2022, passando de US$1,06 bilhão para US$1,14 bilhão (R$8,09 bi) em relação a 2021. 

A Argentina foi a principal compradora, com US$281,20 milhões (R$1,42 bi). Já as importações aumentaram 15,07%, indo de US$5,16 bilhões (R$26,09 bi) para US$5,94 bilhões (R$30,04 bi). 

Porém o déficit da balança comercial fechou o ano em US$4,79 bilhões (R$24,22 bi), montante 17,03% maior do que em 2021 (US$4,09 bilhões, ou R$20,68 bi). E o maior agente influenciador desse cenário foi a China, representando a origem de 58,4% das importações brasileiras. 

Assim, um dos grandes desafios das indústrias têxteis no Brasil em 2023 é justamente contrapor o avanço das varejistas asiáticas no mercado global com investimentos em inovação e sustentabilidade para se manterem competitivas.

Tudo isso em meio a um cenário internacional ainda instável, principalmente por conta de mais de um ano de guerra entre Rússia e Ucrânia sem sinais de esmorecimento. 

Na outra ponta, o comportamento do consumidor mudou drasticamente desde a pandemia. Está mais exigente em qualidade, ações sustentáveis, transparência nos processos produtivos, conforto e melhoria da experiência de compra. E tecnologia, é claro, hoje um quesito indispensável para conquistar clientes.

Portanto, para conseguir reverter as perdas e driblar o cenário volátil do mercado global, as indústrias têxteis brasileiras precisam entender essa nova mentalidade, que pressupõe um planejamento com soluções a médio e longo prazos atrelados à inovação e à sustentabilidade.

 

Principais tendências do setor para esse ano

Hoje o Brasil tem um valor estimado de ativos da cadeia têxtil em cerca de R$400 bilhões, permitindo a atuação no mercado internacional, mas também boa competitividade em relação aos produtos importados.

Mas o megamercado interno merece atenção redobrada. Os brasileiros não consomem apenas roupas em geral, mas cama, mesa e banho, calçados, artigos de limpeza e higiene, colchões e tecidos técnicos - incluindo os não-tecidos. 

É uma demanda imensa que tem condições de ser suprida e expandida, mas a produção das indústrias têxteis no Brasil e a forma de se relacionar com os clientes B2B (business to business) e B2C (business to consumer) precisam estar alinhadas às novas tendências. 

A questão é que inegavelmente a pandemia mudou os hábitos de consumo e isso impacta diretamente a produção das indústrias têxteis no Brasil. O consumidor final ou primário quer mais sustentabilidade e transparência nos processos, agilidade nas entregas e qualidade nas matérias-primas que não agridam o meio-ambiente.

Por isso, a tendência para 2023 é modernidade com responsabilidade social. O mercado se fecha cada vez mais contra o desperdício de tempo e de materiais, contra os erros humanos que causam retrabalho e a lentidão dos processos manuais.

A automação dos processos e o reconhecimento da importância da indústria 4.0 são fundamentais para o crescimento das indústrias têxteis no Brasil.

Conheça algumas das principais tendências para o setor.

 

Indústria 4.0

Para os especialistas, as indústrias têxteis no Brasil ainda têm muito o que avançar em termos de inovação. A indústria 4.0 ou Quarta Revolução Industrial engloba um sistema de tecnologias de ponta. 

Novos modelos de produção e de negócios são gerados pela integração de ferramentas como a internet das coisas, inteligência artificial, realidade aumentada e cloud computing.

A automatização reduz custos, gera qualidade no atendimento e otimiza a produção, gerando importantes diferenciais competitivos.

Assim, a Indústria 4.0 impacta significativamente a produtividade, otimizando a eficiência do uso de recursos e o desenvolvimento de produtos em larga escala. Além disso, integra as indústrias têxteis no Brasil às cadeias globais de valor.

 

Impressão 3D

Aliada à automação dos processos, a impressão 3D caminha a passos largos como uma das grandes tendências das indústrias têxteis no Brasil em 2023.

Já popular em outros setores, ela chega com força na indústria da moda colaborando para a criação de protótipos e a elaboração de peças cada vez mais personalizadas de vestuário impressas em 3D.

 

Networking

Com o retorno presencial na maioria das empresas desde o ano passado, o networking nunca foi tão necessário. É o caso da Febratex de 2022, que serviu novamente de vitrine para várias empresas e impulsionou novas oportunidades de negócios.

A presença nas principais feiras e eventos mais do que nunca é uma estratégia de crescimento, garantindo o alinhamento com as novidades do mercado e ao mesmo tempo se colocando no radar dos principais players do setor. 

 

Sustentabilidade

As indústrias têxteis no Brasil são responsáveis por grande parte do impacto ambiental. A produção de 1Kg de tecido acarreta o uso de 150l de água, por exemplo, além da necessidade de tratamento adequado da água utilizada quando do seu retorno à natureza.

É preciso criar ações sustentáveis que minimizem o impacto não só do consumo da água, mas melhorem o tratamento, reduzam emissão de gases e o despejo de químicas, evite o desperdício de matérias primas e tornem toda a cadeia produtiva mais saudável para o meio ambiente e os trabalhadores, além de ações de responsabilidade social.

Upcycling, economia circular e aproveitamento da mão de obra local são algumas das tendências sustentáveis que se manterão fortes em 2023.

 

Experiência do consumidor

Um todos os setores o customer experience ou experiência do consumidor é uma tendência global em todos os setores. As indústrias têxteis no Brasil também precisam se preocupar com o consumidor final, que busca preços cada vez mais competitivos sem abrir mão da qualidade dos produtos.

É preciso criar estratégias que influenciam na decisão de compra, criando um relacionamento com os clientes desde a base da produção, gerando valor além do preço.

Por outro lado, o consumidor está cada vez mais digital. Por isso é importante aumentar a presença online das indústrias têxteis no Brasil oferecendo soluções e múltiplos canais de contato. É importante que os clientes encontrem o que precisam e compartilhem suas experiências com a indústria.

 

Novas matérias primas

Aliada à sustentabilidade e a redução do desperdício, a busca por novas matérias primas que reduzem o impacto ambiental da produção de roupas é uma tendência em expansão. 

São tecidos alternativos, funcionais  e biodegradáveis, ancorados em novas fibras e incorporando essas novas tecnologias. Couro de abacaxi, fibra de bambu, fibra de laranja, lenpur e Qmilk são alguns exemplos.

 

Valorização dos sentidos

As tendências do setor têxtil fazem referência a tecnologia, natureza e toque. O consumidor pós-pandemia quer sentir tudo que não pode nos últimos anos: relevos, texturas, construções artesanais e manuais, como macramê e crochê. A ideia, de acordo com a empresa de análise de tendências WGSN, é desenvolver um desejo hipnotizante das superfícies.

 

Vestuário e produtos mais inteligentes

Tecidos de alta performance, acompanhados de componentes eletrônicos, são outra grande tendência do setor. A ideia é oferecer novos materiais para as mais diversas áreas.

Um bom exemplo é o vestuário, com roupas que possam monitorar o ritmo corporal ou criar barreiras bacteriológicas. São os chamados protech (proteção para o corpo) e clothtech (componentes funcionais para calçados e vestuário).

Mas a participação também pode se estender ao geotech (geotêxteis e engenharia civil), hometech (produtos para casa) e buildtech (construção e arquitetura), entre outros.

 

Bem-estar e cuidado físico e emocional

O bem-estar é uma das principais preocupações e tendências das indústrias têxteis no Brasil em 2023. Segundo a WGSN, é preciso focar nos efeitos pós-traumáticos e ajudar as pessoas a desenvolver sentimentos positivos mesmo, e principalmente, nos momentos difíceis.

De acordo com a empresa, a expectativa é que, sobrecarregado pela cultura da superação, o consumidor passe por um otimismo realista até 2024. É o que a WGSN chama de “Economia do cuidado”, aumentando a necessidade de investimento em produtos têxteis responsáveis, tecnológicos e capazes de despertar emoções.

E vale nota: de acordo com a WGSN, o mercado global de “bem-estar” está avaliado em mais de US$1,5 trilhão (R$7,58 tri) e com expectativa de crescimento anual de 5% a 10%.

 

Saiba ouvir o mercado

Na realidade, todas essas tendências para 2023 mostram apenas um caminho para as indústrias têxteis no Brasil: é preciso ouvir e entender o mercado.

É o chamado ESG, uma sigla que toma conta cada vez mais das estratégias de vendas B2B e B2C: environmental, social and governance (práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização). 

O ESG significa a redução de desperdícios em todos os processos, valorização da mão de obra, cuidados com a origem e o desperdício da matéria-prima e outras ações sustentáveis que se alinham aos desejos de um consumidor mais consciente e, por isso mesmo, mais exigente.

 

Planejamento e estratégia são indispensáveis

A expectativa é que em 2023 as indústrias têxteis no Brasil superem mais ainda os números pré-pandemia, mas o grande desafio continua sendo conquistar corações, mentes e bolsos do consumidor.

E a melhor forma de conseguir isso é alinhando estratégias com as novas tendências do mercado, mantendo o foco na inovação. É preciso pensar no que o futuro reserva, criar novos modelos de produção e negócios que evitem desperdícios, garantam a sustentabilidade e aumentem a competitividade da empresa.

E não esqueça que as estratégias de marketing industrial são fundamentais para levar sua empresa até seu público ideal e gerar diferenciais competitivos.

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